Frutos

Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.”

Jesus – Mateus,7:20

O mundo atual, em suas elevadas características de inteligência, reclama frutos para examinar as sementes dos princípios.

O cristão, em razão disso, necessita aprender com a boa árvore que recebe os elementos da Providência Divina, através da seiva, e converte-os em utilidades para as criaturas.

Convém o esforço de auto-análise, a fim de identificarmos a qualidade das próprias ações.

Muitas palavras sonoras proporcionam simplesmente a impressão daquela figueira condenada.

É indispensável conhecermos os frutos de nossa vida, de modo a saber se beneficiam os nossos irmãos.

A vida terrestre representa oportunidade vastíssima, cheia de portas e horizontes para a eterna luz. Em seus círculos, pode o homem receberdiariamente a seiva do Alto, transformando-a em frutos de natureza divina.

Indiscutivelmente, a atualidade reclama ensinos edificantes, mas nada compreenderá sem demonstrações práticas, mesmo porque, desde a antiguidade, considera a sabedoria que a realização mais difícil do homem, na esfera carnal, é viver e morrer fiel ao supremo bem.

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Fonte: Caminho Verdade e Vida

Autor Espiritual: Emmanuel

Psicogrado por: Chico Xavier

Ver estudo “A árvore e seus frutos”

Espinheiros

Nem se vindimam uvas dos abrolhos.”

Jesus – Lucas, 6:44

O cristão é um combatente ativo.

Despertando no campo do Senhor, aturde-se-lhe a visão com a amplitude e complexidade do trabalho.

Dificuldades, tropeços, cipoais, ervas daninhas…

E o Evangelho, com propriedade de conceituação, elucida que não se pode vindimar nos espinheiros.

Entretanto, teria Jesus assumido a paternidade de semelhante afirmativa para que cruzemos os braços em falsa beatitude?

Se o terreno permanece absorvido pelos abrolhos, o discípulo recebeu inúmeras ferramentas do Mestre dos mestres.

Indispensável, pois, enfrentar o serviço.

O Cristo encarou, face a face, o sacrifício pela Humanidade inteira.

Será a existência de alguns espinheiros a causa de nossos obstáculos insuperáveis?

Não. Se hoje é impossível a vindima, ataquemos o chão duro. Lavremos o solo árido. Adubemos com suor e lágrimas.

Haverá sempre chuvas fecundantes do Céu ou generosos mananciais da Terra, abençoando-nos o esforço.

A Divina Providência reside em toda parte. Não olvidemos o imperativo do trabalho e, depois, em lugar dos abrolhos, colheremos o fruto suave e doce da videira.

Fonte: Caminho Verdade e Vida

Autor Espiritual: Emmanuel

Psicogrado por: Chico Xavier

Ver estudo “A árvore e seus frutos”

Até o fim

Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo.”

Jesus – Mateus, 24:13

Aqui não vemos Jesus referir-se a um fim que simbolize término e, sim, à finalidade, ao alvo, ao objetivo.

O Evangelho será pregado aos povos para que as criaturas compreendam e alcancem os fins superiores da vida.

Eis por que apenas conseguem quebrar o casulo da condição de animalidade aqueles Espíritos encarnados que sabem perseverar.

Quando o Mestre louvou a persistência, evidenciava a tarefa árdua dos que procuram as excelências do caminho espiritual.

É necessário apagar as falsas noções de favores gratuitos da Divindade.

Ninguém se furtará, impune, à percentagem de esforço que lhe cabe na obra de aperfeiçoamento próprio.

As portas do Céu permanecem abertas. Nunca foram cerradas. Todavia, para que o homem se eleve até lá, precisa asas de amor e sabedoria. Para isto, concede o Supremo Senhor extensa cópia do material de misericórdia a todas as criaturas, conferindo, entretanto, a cada um o dever de talhá-las. Semelhante tarefa, porém, demanda enorme esforço. A fim de conclui-la, recruta-se a contribuição dos dias e das existências.

Muita gente se desanima e prefere estacionar, séculos a fio, nos labirintos da inferioridade; todavia, os bons trabalhadores sabem perseverar, até atingirem as finalidades divinas do caminho terrestre, continuando em trajetória sublime para a perfeição.

Fonte: Pão Nosso

Autor Espiritual: Emmanuel

Psicogrado por: Chico Xavier

Ver estudo “A árvore e seus frutos”

Pelos frutos

Por seus frutos os conhecereis.”

Jesus – Mateus, 7:16

Nem pelo tamanho

Nem pelaa configuração.

Nem pelas ramagens.

Nem pela imponência da copa.

Nem pelos rebentos verdes.

Nem pelas pontas ressequidas.

Nem pelo aspecto brilhante.

Nem pela apresentação desagradável.

Nem pela antiguidade do tronco.

Nem pela fragilidade das folhas.

Nem pela casca rústica ou delicada.

Nem pelas flores perfumadas ou inodoras.

Nem pelo aroma atraente.

Nem pelas emanações repulsivas.

Árvore alguma será conhecida ou amada pelas aparências exteriores, mas sim pelos frutos, peja utilidade, pela produção.

Assim também nosso espírito em plena jornada…

Ninguém que se consagre realmente à verdade dará testemunho de nós pelo que parecemos, pela superficialidade de nossa vida, pela epiderme de nossas atitudes ou expressões individuais percebidas ou apreciadas de passagem, mas sim pela substância de nossa colaboração no progresso comum, pela importância de nosso concurso no bem geral.

– “Pelos frutos os conhecereis” – disse o Mestre.

– “Pelas nossas ações seremos conhecidos” – repetiremos nós.

Fonte: Fonte Viva

Autor Espiritual: Emmanuel

Psicogrado por: Chico Xavier

Ver estudo “A árvore e seus frutos”

Bênção de Deus

“Assim toda árvore boa produz bons frutos…”

Jesus – Mateus, 7:17

Muitas vezes, criticamos o dinheiro, malsinando-lhe a existência, no entanto, é lícito observá-lo através da justiça.

O dinheiro não compra a harmonia, contudo, nas mãos da caridade, restaura o equilíbrio do pai de família, onerado em dívidas escabrosas.

Não compra o sol, mas nas mãos da caridade, obtém o cobertor, destinado a aquecer o corpo enregelado dos que tremem de frio.

Não compra a saúde, entretanto, nas mãos da caridade, assegura proteção ao enfermo desamparado.

Não compra a visão, todavia, nas mãos da caridade, oferece óculos aos olhos deficientes do trabalhador de parcos recursos.

Não compra a euforia, contudo, nas mãos da caridade, improvisa a refeição, devida aos companheiros que enlanguescem de fome.

Não compra a luz espiritual, mas, nas mãos da caridade, propaga a página edificante que reajusta o pensamento a tresmalhar-se nas sombras.

Não compra a fé, entretanto, nas mãos da caridade, ergue a esperança, junto de corações tombados em sofrimento e penúria.

Não compra a alegria, no entanto, nas mãos da caridade, garante a consolação para aqueles que choram, suspirando por migalha de reconforto.

Dinheiro em si e por si é moeda seca ou papel insensível que, nas garras da sovinice ou da crueldade é capaz de criar o infortúnio ou acobertar o vício. Mas o dinheiro do trabalho e da honestidade, da paz e da beneficência, que pode ser creditado no banco da consciência tranquila, toda vez que surja unido ao serviço e à caridade, será sempre bênção de Deus, fazendo prodígios.

Fonte: Livro da Esperança

Autor Espiritual: Emmanuel

Psicogrado por: Chico Xavier

Ver estudo “A árvore e seus frutos”

Falsos profetas

Falso profeta não é somente aquele que perturba o serviço da fé religiosa.
Sempre que negamos a execução fiel dos nossos deveres, somos mistificadores, diante da Lei Divina, que nos emprestou os dons da Terra, em favor do aprimoramento de nós mesmos.
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Na maledicência, somos falsos profetas da fraternidade.
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Na discórdia, somos mistificadores da paz.
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Na preguiça, somos charlatões do trabalho.
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Na indiferença, somos inimigos do dever.
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Toda vez que olvidamos as nossas obrigações de solidariedade para com os nossos semelhantes, que prejudicamos o serviço que nos cabe atender, que fugimos aos nossos testemunhos de humildade, que oprimimos as criaturas inferiores, somos falsos profetas do ideal superior que abraçamos com o Cristo.
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A Terra é a nossa escola.
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O Lar é o nosso templo.
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O Próximo é o nosso irmão.
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A Humanidade é a nossa família.
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A Luta é o nosso aprendizado.
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A Natureza é o livro sublime da vida.
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Não nos esqueçamos, assim, de que, um dia, seremos chamados à prestação de contas dos talentos e dos favores que hoje desfrutamos, para resgatar o dia de ontem e santificar o dia de amanhã.

Emmanuel/Francisco Cândido Xavier. Levantar e Seguir. Falsos Profetas.

A árvore e os frutos

“Guardai-vos dos falsos profetas que vêm ter convosco cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces. – Conhecê-los-eis pelos seus frutos. Podem colher-se uvas nos espinheiros ou figos nas sarças? – Assim, toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos. – Uma árvore boa não pode produzir frutos maus e uma árvore má não pode produzir frutos bons. – Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada ao fogo. – Conhecê-la-eis, pois, pelos seus frutos.” ( Mt, 7:15 a 20 )

No Monte das Oliveiras, já próximo de encerrar sua missão entre os homens, Jesus fala aos seus discípulos naquele que ficou conhecido como o Sermão Profético. Tomados por certo espanto, sem compreender com exatidão a natureza das palavras do Mestre, os discípulos indagaram sobre quando ocorreria e quais seriam os sinais indicadores do fim dos tempos. Diante da pergunta, o Mestre logo os advertiu: “Vede que ninguém vos engane, porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos” (Mc 13,5 e 6). Mais à frente, acrescentou: “Porque se levantarão falsos cristos, e falsos profetas, e farão sinais e prodígios, para enganarem, se for possível, até os escolhidos” (Mc 13,22).

Jesus se utiliza, também, da figura dos falsos profetas vestidos em peles de cordeiros, mas que, na realidade, são lobos rapaces, isto é, que atacam com voracidade as suas presas. Sempre se valendo das imagens para transmitir seus ensinamentos, o Mestre completa com a comparação entre as árvores e seus frutos: a boa árvore produz bons frutos e a árvore má, por não produzir como dela se espera, será arrancada e lançada ao fogo.

Antes de comentar essas figuras, uma consideração acerca do Sermão Profético se faz necessária. Muitos pregadores, dos mais diversos matizes religiosos, se valem das imagens do fim dos tempos, retiradas desse Sermão, para atemorizar e dominar os seus seguidores. Essas pregações ganham vigor nos momentos em que a mídia espalha as notícias de desastres naturais que ocorrem em todos os pontos do planeta. A visão da Doutrina Espírita, primeiramente, é que os desastres naturais não são de forma alguma uma espécie de castigo divino por conta da desobediência dos homens. É claro que alguns desses desastres podem resultar da ação inconsequente dos homens, mas são efeitos das próprias leis da natureza. Depois, os espíritas acompanham a transição paulatina da Terra em um planeta de regeneração, onde o bem prevalecerá sobre o mal, e não esperam o fim do mundo pura e simplesmente como imaginado por muitos.

Retornando às imagens utilizadas por Jesus em suas advertências aos discípulos, tecemos as seguintes observações:

Falsos profetas cobertos de peles de ovelha e que por dentro são lobos rapaces

Profetas são as pessoas que, inspiradas por Deus ou por Seus mensageiros, podem instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual (ESE, 21:4). Quando autênticas, realizam verdadeiros prodígios. A Humanidade em todas as épocas testemunhou e se admirou dos feitos desses profetas, que atuaram em todos os campos de atividade humana e representaram as religiões mais sérias. Acontece que, ao lado dos verdadeiros profetas, apareceram (e aparecem) mistificadores e charlatães. Estes aparentam santidade, mas a sua mensagem, na verdade, não está alinhada com as suas ações. São os típicos “façam o que eu falo, mas não façam o que eu faço.” É sobre esses que Jesus alerta: Vede que ninguém vos engane…

Toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos

A árvore simboliza cada um de nós, que temos nossas missões, ou seja, devemos produzir os frutos de acordo com a nossa natureza. A melhor maneira de avaliar nossas qualidades interiores é por meio de nossas realizações. Quem sente o bem, vibra o bem, pensa o bem, fala o bem só pode praticar o bem, porque o bem faz parte de sua natureza interior.

Toda árvore que não produz bons frutos será cortada e lançada no fogo

Contrariamente às pregações sectaristas, não se vê nessa afirmação qualquer ameaça de danação eterna. Precisamos recordar que a sua mensagem é baseada, principalmente, na imagem divina como sendo a do Pai amoroso, que cuida de suas criaturas e que lhes oferece os meios para a salvação. O fogo não serve unicamente para destruir, mas, às vezes, é utilizado para purificar.

Fica, pois, o ensinamento. Não basta a aparência de santidade, as palavras melífluas. É preciso que, à parte a exterioridade, o sentimento seja puro para dair brotar ações voltadas para o bem, porque é pelos frutos que se conhece a árvore.

Brasília, 16 mar. 2011

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ESE – 21 – 6 e 7

NÃO CREAIS EM TODOS OS ESPÍRITOS

6. Meus bem-amados, não creais em qualquer Espírito; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. (S. JOÃO, Epístola 1a, 4:1.)

7. Os fenômenos espíritas, longe de abonarem os falsos Cristos e os falsos profetas, como a algumas pessoas apraz dizer, golpe mortal desferem neles. Não peçais ao Espiritismo prodígios, nem milagres, porquanto ele formalmente declara que os não opera (1). Do mesmo modo que a Física, a Química, a Astronomia, a Geologia revelaram as leis do mundo material, ele revela outras leis desconhecidas, as que regem as relações do mundo corpóreo com o mundo espiritual, leis que, tanto quanto aquelas outras da Ciência, são leis da Natureza. Facultando a explicação de certa ordem de fenômenos incompreendidos até o presente, ele destrói o que ainda restava do domínio do maravilhoso. Quem, portanto, se sentisse tentado a lhe explorar em proveito próprio os fenômenos, fazendo-se passar por messias de Deus, não conseguiria abusar por muito tempo da credulidade alheia e seria logo desmascarado. Aliás, como já se tem dito, tais fenômenos, por si sós, nada provam:a missão se prova por efeitos morais, o que não é dado a qualquer um produzir. Esse um dos resultados do desenvolvimento da ciência espírita; pesquisando a causa de certos fenômenos, de sobre muitos mistérios levanta ela o véu. Só os que preferem a obscuridade à luz, têm interesse em combatê-la; mas, a verdade é como o Sol: dissipa os mais densos nevoeiros(2).

O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos Cristos e de falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudosábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas ideias. Antes que se conhecessem as relações mediúnicas, eles atuavam de maneira menos ostensiva, pela inspiração, pela mediunidade inconsciente, audiente ou falante. É considerável o número dos que, em diversas épocas, mas, sobretudo, nestes últimos tempos, se hão apresentado como alguns dos antigos profetas, como o Cristo, como Maria, sua mãe, e até como Deus. S. João adverte contra eles os homens, dizendo: “Meus bem-amados, não acrediteis em todo Espírito; mas, experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.” O Espiritismo nos faculta os meios de experimentá-los, apontando os caracteres pelos quais se reconhecem os bons Espíritos, caracteres sempre morais, nunca materiais(3). É à maneira de se distinguirem dos maus os bons Espíritos que, principalmente, podem aplicar-se estas palavras de Jesus: “Pelo fruto é que se reconhece a qualidade da árvore; uma árvore boa não pode produzir maus frutos, e uma árvore má não os pode produzir bons.” Julgam-se os Espíritos pela qualidade de suas obras, como uma árvore pela qualidade dos seus frutos.

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(1) Aos que insistem em buscar prodígios no Espiritismo, Kardec adverte, em O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXVII, item 303, dos riscos da mistificação, isto é, o de serem enganados pelos Espíritos menos adiantados. Vale ressaltar, como indica o trecho citado, que o fim do Espiritismo é o melhoramento moral da Humanidade; e que os Espíritos nos vêm instruir e guiar no caminho do bem e não no das honras e das riquezas, nem vêm para atender às nossas paixões mesquinhas.

(2) Outra comparação da verdade com a luz é feita por Kardec, na questão nº 628 de O Livro dos Espíritos, quando ele declara que o homem se aproxima gradualmente da verdade, porque esta é como a luz que, quando muito forte, pode nos deslumbrar.

(3) Ver, sobre a maneira de se distinguirem os Espíritos: O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIV e seguintes.

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ESE – 21 – 5

PRODÍGIO DOS FALSOS PROFETAS

5. “Levantar-se-ão falsos Cristos e falsos profetas, que farão grandes prodígios e coisas de espantar, a ponto de seduzirem os próprios escolhidos.” Estas palavras dão o verdadeiro sentido do termo prodígio. Na acepção teológica, os prodígios e os milagres são fenômenos excepcionais, fora das leis da Natureza. Sendo estas, exclusivamente, obra de Deus, pode ele, sem dúvida, derrogá-las, se lhe apraz; o simples bom-senso, porém, diz que não é possível haja ele dado a seres inferiores e perversos um poder igual ao seu, nem, ainda menos, o direito de desfazer o que ele tenha feito. Semelhante princípio não no pode Jesus ter consagrado. Se, portanto, de acordo com o sentido que se atribui a essas palavras, o Espírito do mal tem o poder de fazer prodígios tais que os próprios escolhidos se deixem enganar, o resultado seria que, podendo fazer o que Deus faz, os prodígios e os milagres não são privilégio exclusivo dos enviados de Deus e nada provam, pois que nada distingue os milagres dos santos dos milagres do demônio. Necessário, então, se torna procurar um sentido mais racional para aquelas palavras.

Para o vulgo ignorante, todo fenômeno cuja causa é desconhecida passa por sobrenatural, maravilhoso e miraculoso; uma vez encontrada a causa, reconhece-se que o fenômeno, por muito extraordinário que pareça, mais não é do que aplicação de uma lei da Natureza. Assim, o círculo dos fatos sobrenaturais se restringe à medida que o da Ciência se alarga. Em todos os tempos, homens houve que exploraram, em proveito de suas ambições, de seus interesses e do seu anseio de dominação, certos conhecimentos que possuíam, a fim de alcançarem o prestígio de um pseudopoder sobrehumano, ou de uma pretendida missão divina. São esses os falsos Cristos e falsos profetas. A difusão das luzes lhes aniquila o crédito, donde resulta que o número deles diminui à proporção que os homens se esclarecem. O fato de operar o que certas pessoas consideram prodígios não constitui, pois, sinal de uma missão divina, visto que pode resultar de conhecimento cuja aquisição está ao alcance de qualquer um, ou de faculdades orgânicas especiais, que o mais indigno não se acha inibido de possuir, tanto quanto o mais digno. O verdadeiro profeta se reconhece por mais sérios caracteres e exclusivamente morais.

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ESE – 21 – 4

MISSÃO DOS PROFETAS

4. Atribui-se comumente aos profetas o dom de adivinhar o futuro, de sorte que as palavras profecia e predição se tornaram sinônimas. No sentido evangélico, o vocábulo profeta tem mais extensa significação. Diz-se de todo enviado de Deus com a missão de instruir os homens e de lhes revelar as coisas ocultas e os mistérios da vida espiritual. Pode, pois, um homem ser profeta, sem fazer predições. Aquela era a ideia dos judeus, ao tempo de Jesus. Daí vem que, quando o levaram à presença do sumo-sacerdote Caifás, os escribas e os anciães, reunidos, lhe cuspiram no rosto, lhe deram socos e bofetadas, dizendo: “Cristo, profetiza para nós e dize quem foi que te bateu.” Entretanto, deu-se o caso de haver profetas que tiveram a presciência do futuro, quer por intuição, quer por providencial revelação, a fim de transmitirem avisos aos homens. Tendo-se realizado os acontecimentos preditos, o dom de predizer o futuro foi considerado como um dos atributos da qualidade de profeta.

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